quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

Corrigindo...

Gente, a minha dentista e amiga Antonia Cesar chamou-me atenção quanto ao que escrevi na crônica do Dr. Cardiologista e o Jeca Tatu: não é tirar a pressão, diz ela com muita propriedade. Se tira a presssão o paciente morre... hehehehe Na verdade é medir a pressão!
Mas que ela ficou na dúvida se aquele cardiologista não tira a pressão de fato...
Adoro quando vocês me dão retorno!

O Dr Cardiologista e o Jeca Tatu

Maria J Fortuna

Há um tempo atrás escrevi sobre o Dr Cardiologista da minha tia Lourdinha. Aquele que acha o Bush um grande sujeito! E que só ele mesmo para banir o terrorismo do mundo, como pensam os inúmeros eleitores do inqualificável Presidente.
Aquele doutor que foi tirar sua própria pressão no consultório para testar o aparelho e, de repente, viu que estava com a pressão alta de tanto se emocionar ao falar do desafeto Lula, que teve segundo ele, “a ousadia de dizer lá fora que a guerra é o resultado da fome...” Sim, ele mesmo! O cara de pau que deixou minha tia plantada lá atrás do biombo, na hora do eletrocardiograma, para discursar no consultório sobre o caldeirão bushniano. Os meus leitores com certeza lembram. E se de fato não lembram creio que já tracei um pouco do seu perfil neste momento.
Bem, como ia dizendo, eu sempre levo minha tia para fazer controle cardiológico com o referido doutor. Ela não quer mudar de médico e nem está aí nem para Busch ou Lula. A última vez que fomos aconteceu o seguinte fato:
Depois de constatar que a pressão da minha tia estava 15 por 8, o doutor cardiologista resolveu fazer um breve discurso ( ele adora discursos) para chamar-lhe atenção do que poderia ser feito para melhorar seu estado, ou seja, sua pressão sanguínea Vamos ao discurso:
- A senhora está com pressão alta porque não está fazendo exercícios... A senhora tem que caminhar duas vezes ao dia para que seu corpo todo trabalhe. Uma vez durante meia hora, não basta! Terá que caminhar uns 40 minutos de manhã e mais 40 minutos à tarde. Esta sua vida sedentária não leva a nada! Outra coisa é este remédio para dormir. (minha tia toma o remédio há quase 50 anos). Temos que suspender imediatamente antes que seus olhos fiquem comprometidos. Poderá aumentar a pressão ocular.
- Mas doutor, tentei explicar, quando ela toma metade deste remédio passa as noites em claro! De mais a mais e a síndrome de abstinência? Ela vai agüentar?
- Claro! Tem que agüentar. Suspende hoje mesmo a noite o
remédio, disse com tom imperativo.
- Não é melhor diminuir a dose aos pouquinhos?
- Não! Terá que suspender o remédio de uma vez, minha senhora!
E já estava ameaçando ficar vermelho feito pimentão como sempre acontece quando fica contrariado. E sua pressão já devia estar subindo novamente, pensei com vontade de rir. Embora ali não comportasse risos vendo minha tia com cara de choro.
- A senhora conhece a historia do Jeca Tatu? Indagou à minha tia como um paizão diante da filha pequena.
E a titia, com jeito de menina assustada, balançou a cabeça negativamente. O doutor se animou a continuar:
- Sua vida terá que ser como do Jeca Tatu de agora em diante. Ele é um exemplo do que temos que fazer para ter boa saúde. E se empertigando todo, começou a relatar a rotina do famoso Jeca:
- Ele dorme muito cedo a noite. Não tem barulho de automóvel, de avião, não tem radio ou televisão. Uma beleza! Silencio total! E aí o Jeca, que vai pegar na enxada cedo, dorme como um justo e pela manhã sai para o trabalho e vai roçar. Pega na enxada pra valer até que, novamente a noitinha, volte a dormir o sono dos justos! Às 19,00 hs no máximo! Acorda pelas 4,00 hs da madrugada e começa tudo de novo! Eu fiquei pasma e me indaguei como o exemplo de vida do Jeca caberia na historia de vida de tia Lourdinha.
- Doutor, devo lhe esclarecer que minha tia associa barulho a vida e silencio a morte. Ela não consegue dormir antes de assistir a novela das 21,00 hs e só dorme, há anos, com o radio ligado e depois que toma seu tradicional remédio. - Terá que acabar com este costume nada saudável! Deve deixar a novela, ir para a cama às 21,00 hs num quarto todo escuro e no mais absoluto silencio! E acordar cedo para caminhar.
O homem gosta mesmo de terrorismo, pensei.
- Doutor, tentei abrir-lhe os olhos, a minha tia, assiste novela das 20,00 hs há anos! É sua principal distração. Espera ansiosamente pelo horário da novela todos os dias. Não é um castigo muito grande priva-la deste seu quase único prazer?
Ele ficou encrespadissimo!
- Ou ela faz o que mando, ou nunca resolverá sua situação favoravelmente.! Terá que dormir às 21,00 hs, antes do trem das onze. A senhora conhece o trem das onze? Diante da minha negativa continuou animadíssimo!
- O trem das onze é o sono das onze horas. Porque depois desta hora só terá um novo trem, quero dizer um novo sono, às 3,00 da madrugada, e finalmente outro às 6,00 hs da manhã. Deu para entender? indagou de forma mais idiota do que nos julgava como tal.
- Mas se o senhor afirma que o primeiro trem passa às onze por que ela iria dormir às 21,00 hs ? indaguei, fazendo esforço para não perder já com certa ironia...
Ele se ajeitou todo na cadeira e não quis explicar este último item da conversa. E como bom ditador repetiu:
- Terá que dormir às 21,00 hs, sem TV no quarto!

Minha tia que sempre foi obediente e morre de medo de gente que fala um pouco mais alto, ouvia a sentença com cara de quem está prestes a cair de cabeça na guilhotina. Imagine como seria sua vidinha agora, dormindo naquele apavorante silencio que ela sempre detestou, sem tomar o remédio que a faz dormir e de cujo remédio seu organismo já se tornou inteiramente dependente pelos anos de consumo... Não assistir a novela que motiva seus dias e suas noites como centro da sua vida e caminhar duas vezes por dia durante 40 m sendo que já se torna imenso sacrifício caminhar uma vez por dia só 30 m pela manhã com artrose no joelho direito. Sem levar em consideração que ela já tem 95 anos, 4 meses e alguns dias....

Será que o modelo para ela seria mesmo o do Jeca Tatu?

sábado, 24 de janeiro de 2009

Notícias do Computador

Gente amiga e frequentadora de Artes e artes, como o sol nasce para todos também todos nós estamos sujeitos ao tão falado "conto do vigário"... Acho até injustiça categorizar o "vigário" como autor do conto... Mas quem não caiu no "conto do João sem braço"? Eu caí... literalmente! Tem os que encontram pelo caminho o chamado 171. Sei lá! Mas para encurtar a historia (que na nova ortografia não sei se tem acento ou não), quase minha irremediável crença nos outros, levou-me a desistir do meu PC, que segundo o fulano estava com problema na placa mãe, não valendo a pena o conserto. Eu deixaria de pagar R$ 400,00 na autorizada HP para comprar outro PC que o fulano queria me vender e que não sairia por menos de R$ 2.000,00, pode? Mas pessoas amigas entendidas no assunto me alertaram a tempo. Agora só falta recolocar o beck up da memória (que infelizmente não perdi), para recomeçar a postagem.
Garanto a vocês que semana que vem tem crônica e charge nova!
Obrigada pela paciência em esperar

Maria J Fortuna

segunda-feira, 12 de janeiro de 2009

Computador com problema

Amigos, nesta sexta feira deixei de postar nova crônica e charge porque estou com problema na placa mãe do PC. Avisarei quando retornar.
Aguardem! Não esqueçam de prestigiar Artes e artes
Um grande abraço
Maria J Fortuna

sexta-feira, 2 de janeiro de 2009


Infância ferida



Não é o sofrimento das crianças que se torna revoltante em si mesmo, mas sim que nada justifica tal sofrimento.
Albert Camus

Maria J Fortuna


Lembro-me até hoje daquela criança... Apareceu em minha sala com sua mãe, num dia chuvoso de janeiro. Eu atendia a pediatria como assistente social. O pequeno, aos sete anos de idade, estava vivendo uma crise de pânico! Lembro dos olhinhos esbugalhados, o cabelo em desalinho, corpo trêmulo e ao mesmo tempo rijo e a expressão de pavor.
- Do que você tem medo, criança? Indagei Abraçando-o sem saber o que fazer.
O menino não respondia. Crispava as mãos e chorava, chorava...
A mãe magra, com a fisionomia pouco expressiva, apenas afirmava que não sabia por que o filho tinha medo de tudo. Passei então a investigar melhor. Aos poucos a mulher foi desfiando o novelo de suas agruras. O companheiro a ameaçava de morte com faca de cozinha e a espancava sem piedade pela mínima coisa que julgava errado. Certo dia comunicou-lhe que se seu time perdesse para o adversário ela iria levar uma surra que não mais iria esquecer tão cedo. Era de madrugada que o homem costumava agredir a mãe do menino. A criança despertava ouvindo os impropérios do pai e os gritos da mãe.
Não era pouco comum um assistente social confrontar-se com um caso como aquele. Muitas crianças são vitimas desse tipo de tortura. Mas aquele era particularmente doloroso, pela percepção da sensibilidade aguçada daquela pessoinha assustada. Era um menino inteligente, criativo, mas inteiramente fragilizado pelas circunstâncias. Com certeza o algoz deve ter tido uma vida muito dura, e sua mãe sempre foi muito submissa, mas por que o pequeno teria aquele destino?
Agora vejo estampada num Jornal, a foto de um outro menino com a mesma expressão de pânico que vi no rosto do garoto que apareceu com sua mãe em minha sala. Só que aquela criança palestina está no meio de uma guerra. Podia ser judia, tanto faz, são pequenos anjos que vivem na Faixa de Gaza. Infelizmente o motivo para do desespero é real: vinte crianças mortas, dentre os duzentos e setenta até a data. Eu imagino o pavor dos pequeninos ao se confrontarem com a morte de forma tão prematura!
Como insensata é a espécie humana... Até onde nos leva a sede de poder... Pessoas que parecem não ter nenhuma consciência da transitoriedade da vida! A Terra é de todos nós. Simples demais para ser compreendida esta afirmação dita e repetida pelas almas lúcidas que habitam o planeta. Até quando tudo isso? Como é lento o crescimento psicoemocional do ser humano... Como se apegam a tradições para justificar sua sede de posse.
Mas contra a irracionalidade não há argumentos. Minha alma suspira impotente diante de tudo isso.
Escrevi esta poesia quando as crianças russas foram chacinadas numa escola próxima a Moscou. Serve para todas as crianças do mundo inteiro sujeitas aos horrores que os adultos infligem a elas.

Vem doçura, esmagar a guerra!

Teus dias de arminho
Terminam em réquiem
O desafinado de um violino
Entristece os campos brotados
Flores que ainda não abriram
Arrefecem ao som do horror
A cor da rosa do algodão doce
Esparramou-se no chão frio
O doce sorriso da criança
Não consegue apagar o fogo
Fogo que ameaça as borboletas
Que colhem o mel de suas vidas
O sonho azul dos meninos desfaleceu
Ao barulho das escopetas
A trança da infância respingada de sangue
Envergonha o mundo adulto
Desenrola o tapete que leva
Ao caminho do coração
Deixa que esta lágrima de morte
Faça aflorar a consciência do mundo
Igors, Natachas, Nadias famintas
Pequeninos e louros meninos sedentos
Mostram-se ao mundo pasmo
Diante de tal tragédia
A imagem da Beleza ferida
Unida aos santos inocentes
Homens e mulheres
Desprotegeram as crianças
Homens e mulheres
Mataram os anjinhos russos
Homens e mulheres
Envergonharam o mundo
Apesar de tal ultraje, criança
Só tua doçura pode esmagar a guerra!



Quem sou eu

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Sou alguem preocupado em crescer.

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